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Olá a todos os amigos e visitantes do Blog C@noonline, estivemos 3 ou 4 dias bloqueados nos motores de busca no google, graças a um contador de visitas instalado ou ......., o blog nunca teve nenhum programa malicioso, porque nos motores de pesquisa do sapo o mesmo esteve sempre online e de boa saúde, espero que isto não volte acontecer!!!!!
Mote:
Jaime Velez já morreu
Mas não morreu a saudade
um homem de tanta habilidade
Sem saber ler nem escrever
l
Cumpriu o seu destino
O destino é marcador
Tem que se lhe dar todo o valor
Foi o ás do fadinho
Cumpriu sempre bem os pontinhos
Foi dote que o pai lhe deu
E dizes tu e digo eu
temos que ter paciência
Fez-me para sempre uma ausência
Jaime Velez já morreu
II
Lá no monte da defesa
Foi ganhão de dois bois pretos
Deixava os regos todos direitos
que era uma delicadeza
Foi convidado pela nobreza
lá nessa dita herdade
Isto é tudo verdade
As coisa são como são
Morreu um actor bom
Mas não morreu a saudade
lll
Dizia numa cantiga a cantar
Mesma que eu morra queimado
E pela triste sorte foi abraçado
Tanto que havia de penar
Sem ninguém o poder auxiliar
Já lá está na terra da eternidade
Já lá está na terra da verdade
Onde todos vamos cair
Lá se está a sumir
Aquela grande habilidade
IV
Por causa do vinho arranjou sarilho
Nem deu a criação ao filho
Nem lhe deu o seu carinho
Deu cabo do seu ninho
Foi o destino que deus lhe deu
O que ele sempre esclareceu
E que empinou bem o juizo
Um homem de tanto improviso
Acabou por morrer
sem saber ler nem escrever
A poesia é de Jaime Velez, o Jaime da "Manta Branca", de alcunha, como quase todos. Nasceu em Benavila em 1894 e foi muito novo para o Cano, onde morreu em 1955. Analfabeto, trabalhava no campo, numa zona de latifúndio. Era repentista. Fazia as décimas de improviso. Bebia também uns copos. Esta foi feita num dia em que havia uma festa num monte. O patrão, que tinha até convidado um ministro, resolveu alegrar a festa, apresentando Jaime da Manta Branca, como algo típico e divertido. Em troca de mais um copo recitou as décimas:
Não vejo senão canalha
De banquete para banquete
Quem produz e quem trabalha
Come açordas sem “azête”
Ainda o que mais me admira
E penso vezes a “miúdo”:
Dizem que o sol nasce para tudo
Mas eu digo que é mentira.
Se o pobrezinho conspira
O burguês com ele ralha,
Até diz que o põe à calha,
Nem à porta o pode ver.
A não trabalhar e só comer
NÃO VEJO SENÃO CANALHA
Quem passa a vida arrastado,
Por se ver alegre um dia
Logo diz a burguesia
Que é muito mal governado,
Que é um grande relaxado,
Que anda só no bote e “dête”.
Antes que o pobrezinho “respête”
Tratam-no sempre ao desdém.
E vê-se andar quem muito tem
DE BANQUETE PARA BANQUETE
É um viver tão diferente!
Só o rico tem valor
e o pobre trabalhador
vai morrendo lentamente.
A fraqueza o põe doente
e a miséria o atrapalha.
Leva no “peto” a medalha
Que ganhou à chuva e ao vento.
E morre à falta de alimento
QUEM PRODUZ E QUEM TRABALHA
Feliz de quem é patrão
e pobre de quem é criado,
que até dão por mal empregado
o poucochinho que dão.
Quem “semêa” e colhe o pão
não tem aonde de “dête”;
só tem quem o “assujête”
p’ra que toda a vida chore.
E em paga do seu suor
COME AÇORDAS SEM AZEITE
Chora meu coração chora
De te ver tão magoado
A justiça por vezes demora
Para se saber quem é o culpado
II
É triste ser desprezado
É triste ser inocente
É triste ser falseado
Por filhos de boa gente
III
Por causar mal e andar contente
É pior que uma navalha
Pode-se virar de repente
A justiça de Deus tarda mas não falha
IV
Pois não vão ganhar medalha
Essa lhe garanto eu
É a paga para quem trabalha
Para um coração como o meu
V
Mas se Deus Também sofreu
Não á que desanimar
No mundo tudo se deu
Todos temos que chorar
VI
Todos os dias o sol a aclarar
Só de Deus vem a verdade
Ter paciência para esperar
Terá fim a falsidade
VII
De alguém não é novidade
De onde vem o sim e o não
A ninguém tem amizade
Gente má sem coração
VIII
Não merecem atenção
Para que há tanta maldade
O fingir não tem perdão
Tem sim a sinceridade
Lucinda Mota Clemente